Quando você sai pelas ruas sozinho, sem nenhum som, nenhuma voz, a não ser aquela que vem da sua cabeça. você sente o vento passando pelos seu cabelos soltos.
Você pode sentir o canto dos pássaros. Você pode sentir o cheiro das cores, e assimilar o gosto que tem as árvores.
Mas é claro que tudo isso é delírio, ou lembranças de um tempo distante, onde as crianças brincavam pelas árvores, e as avós ficam sentadas tricotando enquanto o bolo de chocolate assava.
Não, isso não é ilusão. Esse tempo já existiu. E eu fui uma das felizes beneficiadas dessa época onde as avós e avôs não saiam para bailes de terceira idade.
Hoje, as crianças brincam de video game, e as avós não usam mais aqueles vestidos rodados e de chita.
As crianças de antigamente, brincavam pelos galhos das árvores, pisavam na terra vermelha, que só o Sul pode nos oferecer. Mas esse tempo está sendo aniquilado, de poucos em poucos, enquando o êxodo rural, acaba com a casa dos nossos avós, e com o reino encantado que antigamente tinha árvores de Ariticum.
Mas o que me enche lágrimas nos olhos, é ver a casa, onde eu fui tão feliz com a minha avó e meu avô, entregue ao tempo e as traças. E o que me irrita mais ainda, é ver que o meu filho não vai ter a oportunidade que eu tive. O filho do meu filho, e os filhos dele. Eles não vão sentir o colorido das árvores, ele não vão sentir o gosto do vento. Talvez, ele nem conheça esse céu azul que me enche de inspiração, quando eu olho pela janela.
E enquanto a Britney Spears, e a Shakira rebolam na MTV, o nosso mundo, o mundo que os nossos avós construíram está acabando. E nós, estamos sentados assistindo.
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