Sentimentos.

digamos que herdei certos problemas de meus pais. sim, como eles, eu também reprimo todos os sentimentos dentro de mim. então, de tempos em tempos, eu tenho crises existenciais. são vezes onde não consigo controlar as lágrimas que rolam quentes, ardidas.
as vezes, sinto que sou como uma bomba-relógio: pronta para me desfazer em lágrimas, a qualquer momento.
hoje, eu estava escutando uma música do Three Days Grace. como em todos os meus momentos de inspiração, eu estava arrumando o quarto. quando parei, sentei em minha cama, e o vocalista soltou aquelas palavras, como se estivesse em minha frente: 'eles te acham. eles te queimam.' é como se ele estivesse sentado na minha cama, olhando para meus cabelos cuidadosamente desarrumados, com aquele jeito desaprovador. 'é gabi, você ta errada.' mas o que mais eu posso fazer ? se eu não sei dizer um simples 'eu te amo'. como não sufocar tudo aquilo que me aflige, e me deixa cabisbaixa, se eu não aprendi a chegar na frente das pessoas, e dizer-lhes que estão me magoando ?
talvez um dia eu acabe num manicômio, por ser uma psicopata genocida, que tentou matar varias pessoas com uma agulha. e depois, tentou perfurar seu próprio coração. mesmo sabendo, que no lugar deste há uma pedra, que se fragmenta a cada vez que minha garganta arde, louca para gritar ao mundo o que eu sinto. mas simplesmente não consigo.

me sinto desarmada. frágil. inútil. e sempre tive a ideia que chorar na frente das pessoas mostra sua mais pura falta de coragem. quando você esta pronta para o abate, esperando que as pessoas digam na sua cara, tudo aquilo que você não teve coragem de dizer. esperando apenas o anoitecer, para morrer apedrejada por tentar ser diplomática. especialmente porque você não conhece outro tipo de convivência. e sua sinceridade sucumbiu as leis da boa convivência.
então, eu paro para pensar em tudo isso, e vejo claramente, que ainda tenho muito o que aprender.
em todo o tempo que passo de olhar fixo, meu coração para. pensando em todas as vezes em que o silêncio pedia algo mais. em que eu podia preenche-lo com um 'eu te amo', e não tive coragem.
isso é tão patético. mas arde nas minhas mãos, pede para ser dito. e as palavras pairam no ar.