estou sentindo a vitalidade fluir dos meus dedos, e eu não posso fazer nada em relação a isso. posso apenas sentar, e assistir o circo pegar fogo, com os palhaços e mulheres barbudas, tentado apaga-lo com gasolina, ao lado de uma olaria.
sinto-me sufocada pela fumaça, e abalada pelas cinzas que esporadicamente voam em minha direção. mas, como fui deixar tudo tomar uma dimensão tão claustrofóbica ?
as verdades que nunca tiveram vontade de voltar, agora pipocam pelos meus olhos, tamborilam no chão. e a minha voz falha, em uma tentativa errónea de tentar explicar o inexplicável. tentando dar razões para o impensável.
minhas mãos estão fervendo, junto com a tuba do tempo, e eu vejo tudo explodir perante meus olhos.
eu não sei onde estou, não sei quem sou, e não sei como vim parar aqui.
mas a única coisa que sei, é que o meu amor, esta aqui. como sempre esteve.
como um lindo requiem, os palhaços choram em torno do circo perdido. e eu ? eu rio dos infortúnios que a vida pôs em minha frente.
não há mais tempo a perder, e nem sentimentos a desperdiçar.
só me resta sair correndo, e tentar voltar atrás em todas as minhas decisões, tentar resgatar um pouco da descencia que ficou pelo caminho.
o mártir esta acabando, e os padres logo chegarão. meus cabelos dançam no vento, e um sorriso espontâneo recobre a minha face, enquanto vejo as sombras se distanciarem.
esse poderia ser um fim inacabado. e a única coisa que peço, é que não olhem para mim no final do penhasco.
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