Vampire Heart - HIM

Vampire Heart - HIM

5 de dez. de 2010

Indireta.

Vamos parar de chorar, ok ?

A chuva penetrava fundo na minha alma nesse dia, e como já devo ter citado recentemente, a chuva é uma das únicas que consegue levar, gota por gota, uma tristeza irreal. É aquela bendita tristeza, de ter um corpo carente de asas. Uma mente que só se utiliza de 1o% de toda a sua capacidade, e de ter um coração tão hipócrita, que somente se preocupa com a sua própria dor.
É exatamente nesses dias sujos, que eu gosto de sentar na minha janela e olhar a chuva.
Então, eu vi dois seres passando do outro lado da rua, de mãos dadas. Um olhar tão complacente, e sentimentos tão puros, quase tangíveis. Os dois deviam ter mais de 30 anos de cumplicidade e lealdade. Isso é tão raro hoje em dia.
O casal por sua vez, se encolhia debaixo de um guarda-chuva preto. O homem segurava duas sacolas de plástico, e a mulher, segurava sua própria bolsa. Ela apertava aquela bolsa contra si, como se aquela bolsa contivesse todos seus bens mais preciosos.
Eles andavam devagar, e podia se entender que o tempo era a coisa que menos importava ali. Eles queriam mesmo, era chegar em sua casa seca, e tomar juntos o seu bom e velho chimarrão.
A senhora murmurou algo, como se estivesse de queixas ao seu companheiro, e ele a olhou, com o olhar repleto de ternura, e lhe falou: "Minha vélha, tudo nesse mundo tem um motivo. E Deus não dá a ninguém uma mala maior que suas próprias costas podem carregar."
Ela, entrelaçou seu braço ainda mais fundo ao redor dele, e com um sorriso agora em seu rosto, eles seguiram em frente.

O amor, a ternura, e a cumplicidade do casal me deixou com as pernas bambas, e os olhos repletos de lágrimas perdidas.

O que o senhor disse a ela, me fez lembrar quantas vezes já chorei por coisas tão banais. Quantas lágrimas eu já vi, desperdiçadas ao chão, sem nenhum motivo aparente.
As pessoas são tão hipócritas, que só vêem sua própria dor, seu próprio mártir inexistente.
Eu não tenho mais nada a dizer, pois, eu sou um exemplo claro disso. Eu tenho sido tão injusta comigo, me forçando ver somente as coisas que não fazem sentido, e que só me puxam para baixo. Eu só escrevo a melancolia, que me aquece em seu mundo de ilusões.
Eu sou uma suicida em potencial. Apesar de estar sempre olhando para o céu, e gostar tanto de quando o vento bate em meus cabelos.
O mundo é tão sujo e infectado. Mas é tão lindo também...

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